Como os pomares urbanos podem minimizar os efeitos das ondas de calor? Entenda!

Como os pomares urbanos podem minimizar os efeitos das ondas de calor? Entenda!

A intensificação das ondas de calor em áreas urbanas é um fenômeno cada vez mais evidente, principalmente em cidades no interior de São Paulo. E os pomares urbanos podem ser a solução para esse problema.

A baixa arborização nas zonas urbanas não apenas agrava as temperaturas elevadas, como também contribui para uma série de problemas ambientais e sociais.

Bairros que possuem uma cobertura vegetal insuficiente tendem a apresentar temperaturas mais altas, criando “ilhas de calor” urbanas.

Isso se reflete em diferenças térmicas significativas entre bairros e, de forma preocupante, gera o chamado racismo ambiental, afetando de maneira mais severa as áreas periféricas e de baixa renda das grandes cidades.

A diferença entre bairros e o racismo ambiental

Em cidades grandes, a variação de temperatura entre bairros arborizados e aqueles sem vegetação adequada é considerável.

No caso de São Paulo, conforme destacado em um artigo recente publicado no Jornal da USP, o bairro de Paraisópolis é um exemplo claro de como a falta de áreas verdes pode intensificar o calor em regiões de baixa renda.

Enquanto bairros mais ricos como o Morumbi possuem árvores e áreas verdes que ajudam a resfriar o ambiente, regiões como Paraisópolis sofrem com o aumento das temperaturas devido à baixa ventilação e falta de vegetação.

Esse cenário gera o que é chamado de racismo ambiental, no qual comunidades pobres, predominantemente negras, são mais afetadas por questões ambientais, como ondas de calor, do que bairros abastados.

Esse fenômeno não se resume a uma questão de conforto térmico. A falta de arborização também está diretamente ligada a problemas de saúde pública, como aumento de doenças respiratórias, estresse térmico e até redução na expectativa de vida.

O exemplo de Paraisópolis ilustra como essas áreas, já vulneráveis socialmente, enfrentam desafios adicionais por causa da má distribuição de recursos ambientais essenciais.

Dessa forma, políticas públicas que incentivem o aumento da vegetação, especialmente em bairros periféricos, são cruciais para combater esse tipo de desigualdade.

O papel das árvores no combate às ilhas de calor

É importante destacar que as árvores desempenham um papel crucial no equilíbrio térmico das cidades. Elas ajudam a reduzir a temperatura ao fornecer sombra e liberar vapor de água através do processo de evapotranspiração, o que resfria o ar ao seu redor.

Estudos indicam que a diferença de temperatura entre áreas arborizadas e áreas sem vegetação pode variar entre 2°C e 10°C, dependendo da densidade de árvores.

Além disso, as árvores contribuem para a melhoria da qualidade do ar ao capturar partículas de poluição, reduzir o dióxido de carbono atmosférico e produzir oxigênio.

Dessa forma, a presença de áreas verdes em áreas urbanas também melhora a saúde mental dos moradores e promove uma sensação de bem-estar.

A solução: projetos de pomares urbanos com espécies frutíferas nativas

Uma solução prática e inovadora para enfrentar o problema da baixa arborização urbana e suas consequências seria a criação de pomares urbanos, utilizando espécies nativas frutíferas.

Esse tipo de projeto não só contribui para a redução das ilhas de calor, como também traz benefícios sociais e ambientais, tais como a produção de alimentos e a promoção da biodiversidade local.

As árvores frutíferas nativas são especialmente indicadas para projetos de pomares urbanos, pois elas se adaptam melhor às condições climáticas e do solo da região, requerendo menos manutenção e recursos.

Espécies como a pitanga, o cambuci, a jabuticaba e o araçá são exemplos de árvores que podem ser plantadas em áreas urbanas, proporcionando sombra, frutas para a comunidade e criando uma conexão maior entre os moradores e o meio ambiente.

Projetos de pomares urbanos podem ser implementados em espaços públicos, como praças, calçadas largas, áreas ao redor de escolas, hospitais e centros comunitários.

Além de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da população, esses pomares podem ser usados para educar a comunidade sobre a importância da preservação ambiental e incentivar uma cultura de sustentabilidade.

Evidências do sucesso de pomares urbanos

Diversos projetos de pomares urbanos já foram implementados ao redor do mundo com resultados significativos.

Um exemplo é o programa “Urban Orchard” em Vancouver, Canadá, que tem transformado áreas degradadas em espaços produtivos e sustentáveis, proporcionando alimentos frescos para a comunidade e contribuindo para a melhoria do microclima local.

Além disso, cidades como Barcelona e Nova Iorque também têm investido na criação de áreas verdes produtivas, que não apenas mitigam os efeitos das mudanças climáticas, mas também ajudam a combater a insegurança alimentar.

No Brasil, algumas cidades já possuem iniciativas de pomares urbanos, como o Fruto Urbano, que pretende estar presente em cada um dos 5.570 municípios brasileiros.

Essa iniciativa é formada por pessoas voluntárias que se unem para plantar árvores frutíferas e construir pomares urbanos públicos em várias cidades do Brasil.

Inclusive, conta com a participação e o apoio de empresas privadas e pessoas físicas que podem incentivar o projeto de forma financeira ou atuando como voluntário.

E se você quer, de alguma forma, contribuir com a implantação de pomares urbanos para ajudar a minimizar as ondas de calor e combater o racismo ambiental no seu município, visite a página da Fruto Urbano e saiba como você pode ajudar!